Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. “Tu és a minha esperança” (cf Sl 71,5) é o tema do 9º Dia Mundial dos pobres, instituído pela então Papa Francisco por ocasião do encerramento do Jubileu da Misericórdia celebrado em 2015.

«Tu és a minha esperança, ó Senhor Deus» (Sl 71,5). Essas palavras emanam de um coração oprimido por graves dificuldades: «Fizeste-me sofrer grandes males e aflições mortais» (v. 20), diz o Salmista. Apesar disso, o seu espírito está aberto e confiante, porque firme na fé reconhece o amparo de Deus e o professa: «És o meu rochedo e a minha fortaleza» (v. 3). Daí deriva a confiança inabalável de que a esperança n’Ele não decepciona: «Em ti, Senhor, meu refúgio, jamais serei confundido» (Sl 71,1).

Prezados irmãos e irmãs. Na mensagem deste ano, o Papa Leão XIV acentua que os pobres são portadores de uma esperança forte e confiável, inspirada pela fé no amor de Deus, mesmo em meio a tantos sofrimentos. O texto destaca a necessidade de combater as causas estruturais da pobreza, promover políticas públicas para o bem comum e intensificar a solidariedade com os mais necessitados, lembrando que a esperança em Deus não decepciona.

“Promovendo o bem comum, a nossa responsabilidade social tem o seu fundamento no gesto criador de Deus, que dá a todos os bens da terra: assim como estes, também os frutos do trabalho do homem devem ser igualmente acessíveis. Com efeito, ajudar os pobres é uma questão de justiça, muito antes de ser uma questão de caridade. Como observa Santo Agostinho: «Damos pão a quem tem fome, mas seria muito melhor que ninguém passasse fome e não precisássemos ser generosos para com ninguém. Damos roupas a quem está nu, mas Deus queira que todos estejam vestidos e que ninguém passe necessidades sobre isto» (Comentário à 1 Jo, VIII, 5).

E continua o Papa: “No meio das provações da vida, a esperança é animada pela firme e encorajadora certeza do amor de Deus, derramado nos corações pelo Espírito Santo. Por isso, ela não decepciona (cf. Rm 5, 5) e São Paulo pode escrever a Timóteo: «Pois se nós trabalhamos e lutamos, é porque pomos a nossa esperança no Deus vivo» (1Tm 4,10). O Deus vivo é, verdadeiramente, o «Deus da esperança» (Rm 15,13), que em Cristo, pela sua morte e ressurreição, se tornou a «nossa esperança» (1Tm 1,1). Não podemos esquecer que fomos salvos nesta esperança, na qual precisamos permanecer enraizados”.

Mais ainda enfatiza o Papa: “O pobre pode tornar-se testemunha de uma esperança forte e confiável, precisamente porque professada numa condição de vida precária, feita de privações, fragilidade e marginalização. Ele não conta com as seguranças do poder e do ter; pelo contrário, sofre-as e, muitas vezes, é vítima delas. A sua esperança só pode repousar noutro lugar. Reconhecendo que Deus é a nossa primeira e única esperança, também nós fazemos a passagem entre as esperanças que passam e a esperança que permanece. As riquezas são relativizadas perante o desejo de ter Deus como companheiro de caminho porque se descobre o verdadeiro tesouro de que realmente precisamos. Ressoam claras e fortes as palavras com que o Senhor Jesus exortou os seus discípulos: «Não acumuleis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. Acumulai tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não corroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam» (Mt 6, 19-20) ”.

Caros irmãos e irmãs. A liturgia deste final de semana, 33º domingo do tempo comum, aborda o tema da perseverança na fé, a importância do trabalho e da vigilância. Exorta-nos a não desanimar diante das dificuldades, perseguições e incertezas da vida, mas permanecer firmes na fé e sem ociosidade. Conscientes de nossa missão cristã, em sintonia com o Dia Mundial dos Pobres, sejamos, portanto, solidários com os mais necessitados, testemunhando o amor de Cristo presente em nós e promovendo uma vida digna e justa para todos.

Deus abençoe a todos e bom domingo.

Dom Adimir Antonio Mazali

Bispo Diocesano de Erexim – RS