SAÚDE |
Gira Psi em Erechim nesta sexta (06) e sábado (07) |
Evento no Blue Open Hotel é gratuito |
A atividade é gratuita e acontecerá no Blue Open Hotel (Rua Gaurama, 335 - Centro).
A ideia do evento é refletir sobre a saúde mental pós-enchentes e outras situações de emergências e desastres e destacar o importante papel da Psicologia na atuação em situações de emergências e desastres, como as vivenciadas neste ano no Rio Grande do Sul.
Inscrições e programação podem ser acessadas em http://crprs.org.br/girapsi.
“Com as enchentes cada pessoa foi afetada de uma forma singular. Algumas podem se sentir sobrecarregadas, confusas ou amedrontadas, outras, ansiosas, por exemplo. A maneira como as pessoas são afetadas e como a reação a situações extremas depende de um conjunto de fatores, como a severidade e a natureza da situação de crise ou a vivência de vulnerabilidades anteriores que são potencializadas”, explica a presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul, psicóloga Míriam Cristiane Alves.
(Míriam Cristiane Alves Presidente do CRPRS - Foto: Divulgação)
Para Míriam, populações já vulneráveis antes das enchentes, por aspectos como raça, gênero ou classe, enfrentam maior dificuldade para acessar serviços intersetoriais que promovam atenção psicossocial e garantia de direitos. “Esses episódios não atingiram todas as pessoas da mesma forma. As condições de vida de cada um foram determinantes para as possibilidades de recuperação. Além disso, a complexidade da situação vivenciada requer a articulação de uma rede composta de diferentes atores, organizações e instituições, sobretudo a articulação com o poder público, pois essas ações não se acompanham de intervenções pontuais, mas sim a médio e longo prazo.”
Segundo dados do IASC (Comitê Permanente Interagências criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas), em situações dessa natureza, 75% da população atingida tende a desenvolver respostas adaptativas e se recuperar sem necessidade de atendimento especializado, elaborando o vivido a partir de seus recursos internos e externo. Já 25% podem exigir atendimento especializado, principalmente em decorrência de questões como ansiedade, luto prolongado, depressão (em alguns casos, com ideação suicida) e estresse pós-traumático.
Eventos extremos, como os vívidos, provocam reações esperadas e adaptativas. “Essas reações variam de acordo com a singularidade dos sujeitos, mas podem incluir manifestações psicológicas (como alterações no sono e apetite) e também manifestações comportamentais e emocionais (como retraimento/isolamento, oscilações de humor, excitabilidade/agitação e hipervigilância). É importante ressaltar que essas são reações adaptativas, etapas constituintes da elaboração do trauma, e não estados patológicos. Dizer que são reações esperadas significa dizer que a ciência já demonstrada de forma robusta que diferentes pessoas, diante de diferentes contextos de trauma e crise, tendem a apresentar essas reações, ou seja, elas são 'normais', no linguajar popular, e 'normativas ', de acordo com a ciência psicológica.”
O desafio, agora, é um avanço da fase de resposta à fase de residência, auxiliar em projetos de residências individuais e coletivas, a partir do protagonismo das pessoas atingidas. “São projetos complexos, de construção concreta e simbólica, desde a residência de moradias, pontes, avenidas, bairros e cidades até a fechamento de memórias, planos futuros, pertencimento e laço social. A Psicologia teve e segue tendo papel essencial nesse processo, assim como na ampliação do entendimento do que é saúde mental, relacionando esse conceito ao bem-viver, ou seja, ao convívio em harmonia com a natureza”, afirma Míriam.
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