“A generosidade do Coração” – Voz da Diocese
A palavra profética é palavra de vida

Por Bispo Diocesano Dom Adimir Mazali
09/11/2024 13h33

Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese.  A Liturgia da Palavra deste Domingo nos convida a renovarmos nossa fé em Deus. Acreditar em Deus implica em acolher sua Palavra. A Bíblia é o Livro Sagrado, portador da Palavra de Deus para nós. Ela fala da fé e ensina a viver a fé. A Palavra de Deus é a luz e o fundamento de nossa fé, de nossa espiritualidade, da vida cristã e de nossa missão.

Por isso, a Bíblia nos convida a olhar a vida com os olhos da fé, que vê o invisível, podendo o coração humano esperar para além de toda a esperança. Acolher e rezar o Creio significa testemunhar a fé na Trindade Santa, celebrada e vivida na Comunidade. 

O Salmo responsorial deste domingo (Sl 145) revela o rosto de Deus. É neste Deus que Jesus nos convida a crer. Ele “é fiel para sempre, faz justiça aos que são oprimidos; dá alimento aos famintos, liberta os cativos; Ele abre os olhos dos cegos; faz erguer-se o caído; ama aquele que é justo; protege o estrangeiro e ampara a viúva e o órfão”. É assim que o povo de Israel compreendia a Deus e rezava.

Caríssimos irmãos e irmãs. A primeira leitura (1Rs 17,10-16) retoma a profecia de Elias. Elias, profeta de Javé, foi enviado por Deus a Sarepta, região da Fenícia. Lá ele se encontrou com uma viúva, que tinha um filho único. Esta viúva e seu filho simbolizam o povo que lá vivia. Ao chegar à sua casa, Elias pediu água e um pedaço de pão. Ela, então, lhe revelou sua pobreza: “não tenho pão cozido; tenho apenas um punhado de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra...; vou preparar este resto para mim e para meu filho; nós o comeremos e esperaremos a morte” (1Rs 17,12).

Esta viúva e seu filho representam um povo explorado, numa situação desesperadora: pobreza e resignação, “vamos esperar a morte”. Elias recupera naquele povo o espírito de solidariedade e ajuda fraterna. Em nome de Javé, protetor dos órfãos e das viúvas, Elias promete que, se a viúva repartir o pouco que ela tem, isto é, se o povo cultivar um espírito de comunhão e de partilha fraterna, não faltaria farinha e nem azeite, o necessário para viver sempre teria. Desta forma entendemos que Elias despertou o espírito de solidariedade e de partilha.

O amor misericordioso de Javé, Deus de Israel, se fez sentir também em território estrangeiro. Significa que a palavra profética é palavra de vida para todos os povos, não apenas para Israel. Javé é portador de uma proposta de vida para todos. Por isso, o profeta Isaías diz: “Eu te estabeleci como luz das nações, a fim de que a minha salvação chegue até as extremidades da terra” (Is 49,6).

Prezados irmãos e irmãs. O Evangelho deste domingo (Mc 12,38-44) apresenta duas cenas contrastantes. Em primeiro lugar, Jesus faz uma dura crítica à religião dos doutores da Lei. Enquanto aparentam uma piedade profunda através de longas orações em público, aproveitam-se dos pobres. Por isso, Jesus disse: “Tomai cuidado com os doutores da Lei! ” (Mc 12,38).

A outra cena é diferente. Jesus estava no Templo, diante do cofre das esmolas. Muitos ricos depositavam grandes quantias. Uma pobre viúva deu duas pequenas moedas, que não valiam quase nada. Jesus, então, chamou os discípulos e disse: “Esta pobre viúva deu mais do que todos os outros. Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha para viver” (Mc 12,44).

O gesto desta viúva não mudou a economia do templo. Porém, Jesus analisou de outro ponto de vista. Para Jesus, ela depositou mais do que os outros. Sua generosidade é maior e autêntica. Os outros depositaram as sobras, ela depositou o que necessitava para viver. Se ela soube dar tudo o que possuía é porque passava necessidade e, por isso, sabia compreender as necessidades dos outros.

Estas pessoas simples, mas de coração grande e generoso, que sabem amar sem reservas, são o que temos de melhor na Igreja. Elas são o que mantêm vivo o Espírito de Jesus em meio a outras atitudes religiosas falsas e interesseiras.

Caros irmãos e irmãs. Destas pessoas generosas e fiéis é que precisamos aprender a seguir Jesus. Então peçamos a graça de sabermos doar do pouco que temos, na generosidade de nosso coração e o Senhor jamais deixará faltar alguma coisa para vivermos. Se somos fiéis nos ensinamentos de Jesus, ele também é fiel conosco.

Deus abençoe a todos e bom domingo.

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