Um milagre. Médicos dizem que bebê tinha morrido no útero, mãe insiste e dá à luz
Mãe pediu uma avalição adicional

Por Crescer Online
26/12/2022 16h57

Durante os exames, especialistas não conseguiram encontrar batimentos cardíacos e afirmaram que bebê estava sem vida. Mãe pediu uma avaliação adicional, o que mudou o final da história

Um dos maiores medos de qualquer grávida é ouvir que algo está errado com o seu bebê. Foi o que aconteceu com Hannah Cole, 27, da Inglaterra. A bolsa dela estourou cedo, com apenas 20 semanas de gestação e, por isso, precisou ser internada. No dia seguinte, os médicos deram a notícia que mãe nenhuma quer escutar: eles não foram capazes de identificar batimentos cardíacos ativos no útero, o que significava que o bebê estava sem vida. Ela seria, então, enviada para uma indução de parto, para ajudar seu corpo a expulsar o corpo do pequeno.

No entanto, um forte “instinto” de mãe dizia a Hannah que aquilo não era verdade. Não era uma negação da realidade, era quase uma certeza de que, no fundo, por algum motivo, ela sabia que seu filho estava vivo. Por isso, a mãe insistiu e pediu que os médicos realizassem uma nova avaliação antes da indução, só para se certificar. Os médicos aceitaram, fizeram uma nova varredura e encontraram um batimento cardíaco.

Hannah mal podia acreditar, mas seu bebê “milagre”, a quem ela chamou de Oakley, nasceu vivo, embora prematuro extremo com 24 semanas e 3 dias de gravidez, no último dia 30 de outubro, pesando 780 gramas.

De acordo com o Daily Mail, os chefes do hospital pediram desculpas "pela angústia e ansiedade causadas" à família.

Como Oakley nasceu bem antes da hora, ele segue enfrentando desafios para sobreviver. “Tem sido estressante, com altos e baixos”, explicou a mãe. “Ele estava na UTI. Ele tem sido absolutamente brilhante. Estou simplesmente aliviada. Tem sido uma montanha-russa. Ele é meu milagre de Natal”, declara Hannah.

A previsão é de que o pequeno Oakley permaneça internado, pelo menos até a data em que seria a previsão do parto a termo, 9 de fevereiro de 2023.

Com apenas 8 dias de vida, o prematuro enfrentou sua primeira cirurgia, depois de ser diagnosticado com enterocolite necrosante, condição em que os tecidos do intestino ficam inflamados e morrem. Ele também precisou colocar uma bolsa de estomia (que coleta o conteúdo fecal) e já tem novas cirurgias previstas para o próximo ano. No início, ele precisou de ventilação mecânica, mas, agora, ele já consegue respirar sem ajuda, o que é uma vitória.

“Espero que possamos trazê-lo para casa em alguns meses”, disse a mãe. “Eu me sinto um pouco perdida no momento, porque ele não está em casa”, conta.

A mãe reclamou sobre o atendimento do hospital durante a gestação e o sistema de saúde nacional britânico, o National Health Service (NHS) afirmou que está investigando a situação. “Gostaríamos de enviar nossas felicitações à mãe e à família pelo nascimento de Oakley e desejar boa sorte durante sua longa jornada neonatal”, informou uma nota oficial do hospital.

Em outubro, Sarah Hollins, diretora de obstetrícia do Bradford Teaching Hospitals NHS Foundation Trust, disse: “Em nome do Trust, gostaria de oferecer minhas sinceras desculpas pela angústia e ansiedade causadas à senhora durante a gravidez atual”.

Prematuros extremos: quais as chances de sobrevivência?

Há pouco mais de dez anos, bebês que nasciam com 23 semanas de gravidez dificilmente sobreviviam. No entanto, com os avanços da medicina, essa realidade vem mudando a cada ano. Os dados do Reino Unido — onde cerca de 60 mil bebês nascem prematuramente a cada ano —, mostram bem essa realidade. Em 2008, cerca de dois em cada 10 bebês nascidos com 23 semanas de gestação sobreviveram. Atualmente, esse número subiu para quatro em cada 10.

Por conta dessa evolução, recentemente, a Associação Britânica de Medicina Perinatal publicou novas regras. Elas determinam que os médicos devem tentar, rotineiramente, salvar a vida de bebês considerados prematuros extremos — a partir de 22 semanas. De acordo com reportagem do site Daily Mail, até então, as diretrizes sugeriam que os pediatras deveriam simplesmente dar-lhes cuidados paliativos para deixá-los "confortáveis". Agora, as diretrizes dizem que é apropriado tentar prolongar suas vidas.

No Brasil, segundo o pediatra e neonatologista Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria e Academia Americana de Pediatria, um "prematuro inviável", isto é, quem tem pouquíssima chances de vida são crianças nascidas com menos de 20 semanas. No entanto, ele afirma que cada caso deve ser analisado. "Aqui, qualquer criança que parece viável e tem mais de 20 semanas, investimos com tudo. Pois, é um bebê e pode sobreviver. Já tive pacientes que nasceram com 400 gramas e hoje estão muito bem. Outros, é claro, ficaram com sequelas. No Japão, já conseguiram salvar crianças com 300 gramas", afirma.

"Se o bebê está perfeitamente formado, não há motivos para receber apenas cuidados paliativos. A orientação da Sociedade Brasileira de Pediatra e Sociedade Americana de Pediatria é que acima de 20 semanas, um bebê já tem chances de vida fora do útero e não deve ser tratado apenas como aborto. Abaixo disso, são consideradas inviáveis, pois você estará aumentando a dor e não investindo em sobrevivência", finaliza.

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