Alunos constroem casas para abelhas nativas em risco
Do estudo à prática: estudantes protegem polinizadores

Por Setor de Comunicação da URI Erechim
15/12/2025 22h15

As abelhas nativas desempenham papel fundamental na manutenção da biodiversidade, sobretudo por meio da polinização, serviço ecossistêmico indispensável para a regeneração dos ecossistemas, a produção de alimentos e o equilíbrio ambiental. No Rio Grande do Sul, mais de vinte espécies já foram registradas, como jataí, mandaguari-preta, iraí e mirim-mosquito, fortemente associadas à flora nativa e às práticas culturais de povos originários que historicamente manejam esses insetos. Além de sua relevância ecológica, as abelhas nativas representam um importante patrimônio biocultural, conectando natureza, saberes tradicionais e práticas sustentáveis.

(Iniciativa fortalece a educação ambiental e o cuidado com o meio ambiente - Foto: Ascom URI)

Entretanto, nas últimas décadas, as populações de meliponíneos sofreram significativa redução em função da perda e fragmentação de habitats, do uso de agrotóxicos, da expansão urbana e das mudanças climáticas. Esses fatores comprometem a sobrevivência das colônias e a disponibilidade de alimentos e de locais adequados para nidificação, fragilizando serviços ecossistêmicos essenciais e impactando a biodiversidade e a qualidade da vida humana.

Diante desse cenário e atendendo a uma demanda apresentada por escolas, foi desenvolvido o projeto Polinize: conservando as abelhas nativas do Sul, liderando pelo Laboratório de Educação Ambiental – PPG Ecologia da URI Erechim, em parceria com a 15ª Coordenadoria Regional de Educação e o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade, por meio do Projeto Integrador IV. A iniciativa contou com o apoio financeiro do Fundo Social da Sicredi UniEstados e com a contribuição da Oficina do Mel, da Escola Básica da URI e de familiares especialistas no tema.

O projeto integrou as ações da etapa pós-XXI Fórum de Meio Ambiente da Juventude do Alto Uruguai Gaúcho, que teve como tema “Construindo comunidades resilientes ao clima por meio de soluções baseadas na natureza”. As atividades iniciaram com o estudo das abelhas nativas do Sul, abordando sua biologia, comportamento, importância ecológica e ameaças, além do mapeamento da flora presente nos espaços escolares, ampliando a compreensão sobre os serviços ecossistêmicos urbanos e a relação entre territórios nativos, polinizadores e planejamento sustentável.

Na sequência, os estudantes construíram iscas para a captura ética de exames, utilizando materiais simples e seguindo orientações técnicas, as quais foram instaladas nas escolas e nos diversos espaços da URI. Paralelamente, acadêmicos do Curso de Arquitetura e Urbanismo projetaram e construíram caixas para receber as colônias, utilizando madeira de reflorestamento. O trabalho envolveu técnica de modelos, definição de medidas, sistemas de ventilação, encaixes e detalhes internos. As caixas foram pintadas com cores atrativas às abelhas e decoradas com grafismos inspirados nas culturas indígenas Guarani e Kaingang, reforçando o caráter simbólico e educativo do projeto.

Com a captura dos enxames, iniciou-se a transposição das colônias para as caixas de madeira, realizada de forma cuidadosa e segura, garantindo a integridade das abelhas e sua adaptação aos novos ninhos. As caixas estão sendo instaladas em espaços escolares, constituindo meliponários educativos que passam a integrar as atividades pedagógicas das instituições.

Ao possibilitar que os estudantes acompanhem todas as etapas do processo, do estudo inicial ao monitoramento das colônias, o projeto integra conservação da biodiversidade, aprendizagem ativa e Soluções Baseadas na Natureza (SBN), fortalecendo a educação ambiental, o protagonismo juvenil e o vínculo entre escola, família e comunidade no cuidado com o meio ambiente.

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