O medo na Infância
   
Outubro é o mês em que se comemora o Dia das Crianças, mas é necessário lembrar, homenagear, cuidar, em todos os momentos. Infelizmente as estatísticas mostram que nem tudo é um mundo maravilhoso para elas.

Por Liani Maria Machado da Silva - Psicóloga
02/10/2021 10h57

Outubro é o mês em que se comemora o Dia das Crianças, mas é necessário lembrar, homenagear, cuidar, em todos os momentos. Infelizmente as estatísticas mostram que nem tudo é um mundo maravilhoso para elas. Essa fase da vida é uma das mais importantes, pois na sua inocência surgem os medos, angústias, stress, violência e depressão.

Sabe-se que a violência e por consequência o medo, pode gerar problemas sociais, emocionais, psicológicos e cognitivos capazes de impactar fortemente a saúde das crianças ao longo de sua vida. Isso reforça a importância de orientar as ações e pactuar estratégias para a atenção integral à saúde e os cuidados com as crianças, adolescentes e suas famílias que vivem em situação de abandono ou violência.

Importante esse espaço do Portal Notícias Erechim para falar sobre este importante tema. Lembrando que os medos na infância, muitas vezes, são invisíveis e até incompreensíveis aos olhos dos adultos. É necessário atenção e cuidados neste período de crescimento e aprendizado.

O fundador do Behaviorismo, John Watson, acreditava que os bebês tinham dois medos inatos, o medo de ruído e o medo da perda de assistência. Já os outros medos eram aprendidos por condicionamento.

Todos nós já experimentamos situações onde sentimos medo. No período da infância a criança vivencia situações de dúvidas, conflitos e intensa angústia. Dependendo das primeiras experiências de medo vividas com familiares a criança poderá apresentar crises de ansiedade, comportamento retraído e tornar-se a um fóbico no futuro.

A modelagem inicia no ambiente familiar, depois na escola. Estes ambientes são administrados e mediados por adultos, os quais deverão estar preparados para acalmar e confortar a criança. O medo na infância é algo que paralisa a criança porque ela não tem compreensão do que está acontecendo.

O momento mais angustiante para ela é quando é agredida, ela não sabe por que está sendo vítima da agressão. Em sua memória ficarão registradas as marcas em seu corpo, sentimentos de dor e um intenso medo do adulto que lhe agrediu.

Os cuidadores, pais, professores, enfim pessoas que cuidam de crianças devem estar preparadas psicologicamente. Muitos adultos não conhecem a si mesmos, são pessoas agressivas, medrosas, manipuladoras e estão convivendo com crianças em casa, nas escolas, etc. Como irão entender, acolher, auxiliar a criança no momento de seus temores? Como vão ensinar a criança a enfrentar as situações de risco?

Identificando os medos

Os medos são diversos: medo de animais (boi, cavalo, vaca) medos de insetos (formigas, grilos, borboletas, baratas, abelhas), medos de pessoas adultas, fantasmas, lobisomens, bruxas, medo de escuro, de violência, de sangue, da solidão, temporal, lugares fechados, boi da cara preta, velho do saco, elevador, etc.

Os personagens de medos no passado como “o velho do saco, o bicho-papão, bruxas” eram personagens imaginários. Atualmente os personagens que causam medo são reais. A violência, a insegurança, os assaltos, a separação dos pais, acidentes (carro, motos, fogo, afogamentos), tiroteios e abandonos.

Um dos maiores medos é a separação dos pais. A criança não consegue compreender com quem vai ficar, onde vai morar. Ela não vê os dois separados. Se esse vínculo está rompido o sentimento é de abandono falta de afeto e insegurança do futuro.

Idades Medos 0-6 meses – Perda de apoio, quedas, ruídos fortes.

7-12 meses – Estranhos, alturas, objetos inesperados, repentinos e indistintos.

1 ano – Separação dela de um dos pais, banheiro, ferimento, estranhos.

2 anos – Uma variedade de estímulos, incluindo ruídos fortes (aspiradores, sirenes e alarmes, caminhões e trovões), animais, escuro, separação do pai ou da mãe, objetos ou máquinas grandes, mudanças no ambiente pessoal, companheiros estranhos.

3 anos – Máscaras, escuro, animais, separação do pai ou da mãe.

4 anos – Separação do pai ou da mãe, animais, escuro, ruídos (inclusive uivos à noite)

5 anos – Animais, separação do pai ou da mãe, lesões corporais, pessoas “más”.

6 anos-  Seres sobrenaturais (fantasmas, bruxas), trovões e relâmpagos, escuro, dormir ou estar sozinho, separação do pai ou da mãe.

7-8 anos – Seres sobrenaturais, escuro, acontecimento da mídia (notícia sobre ameaças de guerra nuclear ou rapto de crianças), estar sozinho, lesões corporais.

9-12 anos – Exames escolares, apresentações e desempenho escolar, danos físicos, aparência física, trovoadas e relâmpagos, morte, escuro.

Fontes:

Os Medos Fonte: PAPALIA, Diane E. & OLDS, Sally Wendkos. Desenvolvimento humano. 7ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Em determinadas situações sentir medo é saudável ele é um indicador, um alerta para as situações de perigo. Não existe uma idade certa para sentir medo, mas o que deve ser observado é que certamente ele surgiu no período da infância.

   

  

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